5.8.12

Um mais um.



Uma das constantes reclamações de seu pai era que Nicholas possuía interesses demais na vida. Mas o que seu pai não gostava era exatamente o que Nicholas pensava ser seu ponto forte. Podia ser projetando uma casa ou aprendendo uma música, Nicholas jamais decepcionava. Tudo o que fazia era bem feito. Nadar, inclusive.
– Você faz parte do time de natação da Universidade?
Nina estava literalmente de queixo aberto ao lado de Nicholas. A seus pés, uma piscina de dimensões olímpicas aproveitava seus últimos momentos de descanso antes do treino noturno.
– Você fala como se fosse um crime – sorriu Nicholas.
– É que... Meu Deus! – ela passou a mão pelos cabelos que balançavam soltos em suas costas. – O que mais você faz? – Nina o encarou, seus olhos brilhando com uma espécie de curiosidade misturada com orgulho.
– Acho que a lista termina aqui.
– Graças a Deus – murmurou Nina, arrancando uma alta gargalhada de Nicholas.
– Vem, vou te apresentar aos outros rapazes.
Os amigos de Nicholas eram todos altos e esguios como ele. João era o que tinha uma tatuagem rodeando o bíceps esquerdo, Matheus era o que mantinha a cabeça raspada e o mais alto deles se chamava Samuel. Nina não se considerava uma baixinha, mas quase desapareceu perto daqueles homens.
– Você não perde tempo mesmo, não é? – reclamou Samuel, olhando para Nicholas.
– O que eu fiz dessa vez?
– Encontrou a caloura mais bonita antes da gente.
Nina corou, mas seus lábios quase formaram um sorriso. Decidiu que gostava de Samuel.
– Ah, Marina? – Nicholas segurou os cabelos dela em um punho e deu um leve puxão. – Ela não gosta de garotos.
– Como é? – Nina vociferou. Nicholas ergueu as duas mãos como se pedisse paz.
– Você mesma disse que não gosta de chamar atenção – explicou. – E não usa saias ou salto alto. Só somei dois mais dois.
– Acho que a sua conta acaba de dar cinco, professor.
Para provar seu ponto de vista, Nina ficou na ponta dos pés para segurar o rosto de Samuel entre suas mãos e o beijou nos lábios. Nicholas rapidamente colocou ambas as mãos na cintura dela, afastando-a de seu amigo, que riu abertamente e piscou para Nina.
– Já entendi o que você quis dizer – Nicholas falou por entre os dentes, ainda segurando Nina. Piscando os olhos inocentemente, ela se virou para poder encará-lo e apoiou as mãos em seu peito.
– Mesmo? – perguntou.
Antes que Nicholas conseguisse articular uma resposta, Nina lhe deu um empurrão e o viu cair de costas na piscina. Os outros três rapazes começaram a rir descontroladamente enquanto Nicholas emergia com os olhos clamando por vingança.
Ele ainda não tinha vestido o traje de banho, por isso saiu da água com a camisa preta grudada em seu tórax e o jeans lhe pesando incomodamente nos quadris. Nina mordeu o lábio inferior para impedir a si mesma de rir, pois não poderia parar caso começasse.
– Marina, você não reconhece uma brincadeira quando a vê? – perguntou Nicholas.
– Claro que sim – Nina respondeu com um sorriso reluzente. – Acabo de presenciar uma muito boa. Você e a água realmente combinam, sabia?
– Sabe de uma coisa, Matheus? – João perguntou ao amigo.
– O quê?
– Ainda bem que ele a encontrou primeiro.


Um comentário:

  1. Arrancando inspirações pra textos divertidos e românticos assistindo às Olimpíadas. Por essas e outras que eu gosto tanto de você e do seu estilo rs

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