Olhando para trás, vejo todo esse caminho que percorri sozinho e a dor constante no meu peito parece dobrar de tamanho. Oito anos.
- É uma oportunidade gigantesca. Até mesmo pra você, que já conseguiu fazer seu nome na Broadway - meu agente argumentou.
- Eu sei - murmurei distraído, folheando a proposta que ele acabara de me entregar.
Uma oportunidade excelente? Claro que era. Mas o outro ator, aquele que seria meu parceiro de cenas durante a maior parte da peça... Não sei como eu conseguiria lidar com isso. Com ele.
- Esse... O ator... Já está definido? Por quê?
- Oh, ele. Blaine é um dos produtores. Aliás, foi ele quem me contactou. Pessoalmente. Ele quer você nessa.
Meu Deus.
Meu Deus.
- Um minuto.
A voz soou abafada, vinda do outro lado da porta, mas foi motivo suficiente para que eu me esquecesse daquela conversa. Era outra noite de espetáculo. E o show não poderia parar.
Saí da sala tão rapidamente que meu cérebro não teve tempo de analisar a frase final de Dean: "Espera! Ele vai estar na plateia hoje. Ele veio te ver."
O musical que estávamos apresentando tinha muitas mudanças de figurino e músicas realmente desafiantes. Já estávamos em cartaz há duas semanas e as horas cansativas de ensaio e preparação não me haviam permitido falhar em nenhuma apresentação. Até aquele momento.
Eu travei. Em uma das cenas mais importantes, eu simplesmente travei. Na hora, senti um pânico tão profundo que só o que consegui foi me lembrar de um acontecimento que presenciei anos atrás. Mas o engasgo de Rachel Berry em Don't Rain On My Parade não era nada comparado ao que me acontecia agora.
Senti meu rosto queimando e olhei mais uma vez para o motivo de tudo aquilo. Lá estava ele, sentado na segunda fila, ao lado do irmão e de Sebastian Smythe. O que ele queria comigo? Porque logo agora? Oito longos anos depois?
Meus pensamentos insistiam em me confundir, mas, usando toda a força de vontade que me restava, respirei fundo e segui em frente. Porque não existia outra alternativa.
Depois do fechamento das cortinas, o consolo veio em forma de palavras murmuradas quase com vergonha e de cabeças sendo sacudidas em negação enquanto eu andava para o camarim. Mais uma vez, precisei me esforçar para colocar um pé depois do outro.
Quando cheguei diante da porta, avistei Cooper e Sebastian conversando no fim do corredor. Eles me viram e acenaram tranquilamente. Lembrei-me de como eu costumava idolatrar o trabalho de Cooper e acenei sinceramente em resposta.
Entrei e fechei a porta, encostando meu rosto nela, precisando daquele momento de solidão para reerguer minhas barreiras. E só então me ocorreu uma observação: eles estavam sozinhos. Onde ele estaria? Um barulho a minha esquerda foi a resposta de que eu precisava. Mas não me atrevi a olhá-lo. Não ainda.
- Oi, Kurt - não falei nada e o silêncio cresceu, tenso e nervoso. - Você me parece um pouco surpreso. Dean não lhe disse que eu viria hoje?
- Não, ele não disse - ou eu não quisera ouvir.
- Oh. Ok. Mas ele ao menos lhe contou sobre o musical que Sebastian e eu estamos produzindo juntos?
- Sebastian?
- Sim. Não se lembra dele? Dalton Acade...
- Claro que eu me lembro dele - quase gritei ao interrompê-lo. - Não sabia que vocês ainda mantinham contato - complementei.
- Ele é um cara legal, sabe? Bem no fundo. Quando a gente chega a conhecê-lo...
- É, você deve conhecê-lo bem - comentei com certa amargura.
- Não desse jeito - ele riu. - Não da mesma forma que conheço você.
Não suportei mais ficar sem olhar para ele. Ele estava ali, afinal, na minha frente, e falando de um jeito tão dele que me apertou o coração. Encarei-o.
- O que você quer dizer com isso? - perguntei, com medo da resposta, claro, mas precisando tanto escutá-la que minha alma dançou de ansiedade.
- Sabe, foi ideia de Cooper... O convite - ele indicou a proposta que estava em cima de uma pequena mesa.
- Não foi sua, então? - não resisti e indaguei.
- Não a princípio. Mas depois... Vi que era o certo a ser feito.
- O certo?
- O melhor. Pra mim. Ver você de novo. Falar com você... Me reaproximar - ele murmurou e deu alguns passos em minha direção.
- Claro que eu me lembro dele - quase gritei ao interrompê-lo. - Não sabia que vocês ainda mantinham contato - complementei.
- Ele é um cara legal, sabe? Bem no fundo. Quando a gente chega a conhecê-lo...
- É, você deve conhecê-lo bem - comentei com certa amargura.
- Não desse jeito - ele riu. - Não da mesma forma que conheço você.
Não suportei mais ficar sem olhar para ele. Ele estava ali, afinal, na minha frente, e falando de um jeito tão dele que me apertou o coração. Encarei-o.
- O que você quer dizer com isso? - perguntei, com medo da resposta, claro, mas precisando tanto escutá-la que minha alma dançou de ansiedade.
- Sabe, foi ideia de Cooper... O convite - ele indicou a proposta que estava em cima de uma pequena mesa.
- Não foi sua, então? - não resisti e indaguei.
- Não a princípio. Mas depois... Vi que era o certo a ser feito.
- O certo?
- O melhor. Pra mim. Ver você de novo. Falar com você... Me reaproximar - ele murmurou e deu alguns passos em minha direção.
- Mas por quê? Por que agora?
- Por quê? - ele sacudiu a cabeça de um jeito que me era tão familiar que acabei sorrindo. - Porque uma volta ao passado às vezes é necessária para que se consiga seguir em frente.
Pensando se esse conto foi meio que inspirado na série,Smash....
ResponderExcluirQuase :D
ExcluirFoi na série Glee o/
Oi Bruna, tudo bem!? Amei principalmente porque concordo com o retorno ao passado para poder seguir em frente!
ResponderExcluirBjocas e bom início de semana!
Não cheguei a comentar aqui ainda, acho que fiz todos os meus comentários diretamente na época e esqueci do comentário aqui, que talvez fosse o mais importante. Por hoje, só digo "obrigada" e se você quiser continuar, mesmo que seja de mês em mês, estarei aqui pra ler e me envolver <3
ResponderExcluir