14.11.11

Pelo mesmo caminho.

- Oi...
- O que você quer?
- Que voz abafada é essa?
- Nada.
- Você está falando através de um lenço ou algo assim? Porque é o que parece - ele riu.
- Eu... - ela espirrou e não conseguiu terminar a frase, pois outros espirros vieram em seguida.
- Você está doente? Parece gripe. Tomou algum remédio? - ele imediatamente se preocupou.
- Não adiantaria - espirro. - É alérgico.
- Não é possível, alguma coisa tem que fazer você melhorar - ele disse. - Escuta, chego aí em quinze minutos.
- Não, eu... - espirros e mais espirros.
- Tem certeza?
- Vem logo - resmungou.
Dez minutos depois, ele encontrou a porta dela aberta. Entrou e trancou.
- Não faz isso de novo - disse quando a encontrou de pé no meio do quarto.
- Isso o quê?
- Deixar a porta aberta. Aquele porteiro é um idiota e qualquer um poderia ter subido.
- Eu sei.
Ele logo percebeu que a voz dela estava pior do que ao telefone. Com o nariz vermelho e os olhos sem brilho, ela parecia estar perto da morte. Limpou a garganta e se aproximou.
- Ei... - murmurou junto aos cabelos dela, depois de abraçá-la.
- Me abraça mais forte - pediu ela.
- Melhor?
- Uhum.
- Não quer se deitar? - ela balançou a cabeça. - Por quê?
- Minha coluna está um lixo desde hoje de manhã. Não encontro uma posição.
- Não melhorou nada?
- Antes da faxina, sim.
- Faxina? - ele afrouxou um pouco o abraço para encará-la. - Que faxina?
- No apartamento.
- Você fez uma faxina no seu apartamento? - ele pronunciou as sílabas bem devagar, deixando-a irritada.
- Não posso limpar meu próprio apartamento?
- Não é isso, mas você sabe que seu nariz não gosta muito quando você faz isso.
- Mas toda esposa faz isso.
- Você não é casada.
- Mas quero ser, um dia.
- Tenho certeza de que esse seu desconhecido futuro marido não vai ligar de contratar alguém pra limpar a casa.
- Você ligaria? - perguntou ela, abraçando-o pela cintura ainda mais forte.
- Não, claro que não.
- Acho que devo me casar com você, então.

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