- Será que posso me sentar aqui com você? - perguntou a loira exuberante em seu conjunto de líder de torcida.
- Aqui? - Rachel arregalou os olhos castanhos escondidos pelo óculos fora de moda.
- Aqui mesmo - Susan sorriu e se sentou, sem esperar por uma resposta. Rachel pigarreou e continuou comendo. - Então, Rachel...
- O quê? - ela deu um salto da cadeira, como se tivesse sido surpreendida fazendo algo muito errado.
- Você não quer mesmo fazer o teste?
- Não! - ela respondeu rapidamente. - Não quero - reafirmou com ainda mais veemência.
- Não! - ela respondeu rapidamente. - Não quero - reafirmou com ainda mais veemência.
- Rachel, não há motivo para você ficar sempre dentro dessa concha, protegida do mundo. Você quer isso, quer de verdade!
- Eu não conseguiria. Eu não sou como você - ela abaixou o olhar para a mesa.
- Nem queira ser, sou um zero à esquerda em química - retrucou Susan. Relutantemente, Rachel esboçou um movimento dos lábios que Susan preferiu considerar como um sorriso. - E quanto a conseguir ou não... De verdade, você acha que isso é o mais importante?
- Claro! As outras meninas ririam de mim... “Por que ela veio participar se sabia que não iria ganhar?” Eu precisaria ganhar para me sentir...
- Sentir-se parte do grupo? É isso que quer dizer? - perguntou suavemente.
- É - pela primeira vez durante aquela conversa, Rachel olhou nos olhos de Susan e se surpreendeu com o azul deles, como sempre acontecia. - Sabe, somos mesmo muito diferentes, Susan. Com você, derrotas são encaradas como momentos ruins que logo vão passar. Mas comigo é apenas mais um fracasso dentre tantos os que já tenho; é motivo de piada e de humilhação. Depois de todos esses anos, a gente aprende a se proteger. Entende o que quero dizer?
- Vencer pode ser importante, sim. Mas não é essencial. Sabe, quando fiz o teste para líder de torcida pela primeira vez, eu não passei - Rachel ficou boquiaberta com a confissão de Susan, uma menina com tanta confiança em si mesma que parecia haver um brilho dourado ao redor dela.
- Mesmo?
- Sim. Fiquei cabisbaixa por dias. Não por estar preocupada com os comentários, mas sim por querer muito ter vencido. Conversando com minha mãe, ela me disse que o importante era que eu tinha tentado. Entende? A partir de então, prometi a mim mesma que sempre tentaria, sem me importar com o resultado. Você pode ver, eu participo até dos concursos de ciências, mesmo sabendo que vou me ferrar! - riu. - Muitas pessoas com as quais convivemos aqui vão desaparecer de nossas vidas com o tempo, Rach. Mas não vamos conseguir fugir de nós mesmas. Jamais. Entende o que quero dizer?
Novamente sem esperar por uma resposta, Susan levantou-se, o sorriso sempre no rosto, e foi embora.
O importante é tentar, sempre, se você não conseguir,é só tentar de novo. Adoravel esse texto.
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