5.9.11

Aquele amor de outono.



Ela era uma daquelas malucas por controle. Odiava roupa amassada, cabelo despenteado, amor desencontrado. Costumava pensar que jamais teria alguém pra chamar de seu, que nunca seria o ela das conversas de um cara.
Viajava para praias no verão, montanhas no inverno e lugar nenhum na primavera. A mesma rotina, ano após ano. Sequer prestava maior atenção àqueles três meses de clima ameno e folhas douradas que insistiam em dançar ao sabor do vento.
Aqueles meses espremidos entre carnaval e festa junina apenas lhe diziam que era o momento de prender os cabelos e proteger os olhos da sujeira que poderia ser erguida das ruas a qualquer instante.
Tudo isso até que conheceu o ele de todas as suas conversas.
Smartphone sempre ao alcance das mãos, e aversão às redes sociais da moda; cabelos de surfista, e roupas de executivo. E quando ela pensava em cinema, ele falava sobre viajar para o Havaí; ele estava mais para pizza, ela tinha intolerância à lactose; ela preferia três colheres de açúcar, ele tinha uma academia dentro de casa.
Mas, de todos os amores, aquele nascido em um outono parecia ser o mais correto. O frio não machucava, e ainda assim havia abraços. O verão terminara há um minuto atrás, mas o calor humano ainda permanecia. E a primavera... Ah, a primavera estava inteira naquela pequena flor que ele lhe estendia.
- É linda - sorriu. - Obrigada.
- Eu te ajudo - sorrindo em resposta, ele pegou a flor e prendeu-a cuidadosamente nos cabelos compridos da moça bonita.
Olhando um nos olhos do outro, o tempo já não importava. Minutos, horas, dias ou anos poderiam se passar. Porém, para aqueles dois, o recomeço do outono seria todo dia.


P.S.: Tive a ideia desse texto depois de ler esse aqui :)

2 comentários:

  1. Achei lindo, viu?
    E reconheço a inspiração! ahahhaahahhaha.
    beijos.
    Raíssa [smileonly-now.blogspot.com]

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  2. Hahaha Sem dúvida seu texto foi a inspiração :)

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