Três minutos.

- Os três minutos mais longos da minha vida - ela murmurou através do telefone.

- Da minha também - ele murmurou de volta. - Quanto falta?

- Um minuto e quarenta e cinco.
- Ok... - ele engoliu a seco, nervoso e impaciente em medidas iguais. Era mais ou menos como ela mesma se sentia. Queria que desse positivo mais do que tudo. E ao mesmo tempo estava apavorada pela simples possibilidade de estar grávida. - Lembra daquele dia que eu te levei no campo de margaridas?

- Eu sei o que você está fazendo - sorriu.

- Acho que nós dois podemos usar a distração. Entra na onda, ok? - ele riu baixinho. - Só por mais um minuto.

- Um minuto e dez.

- Ok, um minuto e dez.

- Um e sete agora.

- Para com isso! - ele reclamou. - Falemos sobre as margaridas.

- Falemos sobre as margaridas... Foi a melhor surpresa que já recebi.

- Ah, é? Até mesmo melhor do que aqueles brincos de safira no Natal?

- Mil vezes melhor - ela segurou o teste de gravidez bem apertado e se sentou sobre a pia do banheiro, fechando os olhos e se lembrando das flores. - Só o fato de você ter levado semanas pesquisando o lugar, descobrindo como chegar até lá e tentando esconder o processo todo de mim... - ela riu. - Foi incrível.
- Hum... Desafio aceito.

- Que desafio, bobo? - ela soltou uma risada.

- O de superar essa surpresa. Me aguarde.

- Mal posso esperar - ela sorriu. - Hey... - sussurrou, mordendo o lábio inferior. - Já deu o tempo.

- Ok - ele murmurou.

- Não quero olhar. A resposta vai mudar tudo. Mesmo se for negativa - ela soluçou. - Vai mudar tudo, porque eu meio que criei uma esperança.

- Preciso confessar uma coisa...

- Que coisa?

- Foram apenas três minutos, mas eu também criei imagens na cabeça.

- Que imagens?

- Uma menininha com olhos azuis como os seus. Eu olhava para eles pela primeira vez e pensava estar olhando para o céu, tão azul quanto e também tão infinito que eu me perdia por querer.

- Ou um garotinho com um sorriso tão cheio de covinhas quanto o seu...

- Pensei inclusive em nomes.

- Nomes duplos.

- Com certeza duplos.

- Estou segurando o palito tão forte que acho que posso quebrá-lo - ela riu desesperadamente. - Estou morrendo de medo.

- Queria estar aí com você.

- Queria que você estivesse aqui comigo - ela ofegou.

- Estou te abraçando agora. E beijando a ponta do seu nariz como eu sempre faço quando preciso ver um sorriso nos seus lábios... E devagar, muito devagar, estou segurando sua mão e abrindo seus dedos com cuidado. No três, tudo bem?

- Tudo bem...

- Um. Sabe que eu te amo?

- Eu também amo você.

- Dois. Independente do resultado, ainda vamos nos casar em setembro.

- Em setembro. No campo de margaridas, em meio à primavera.

- Seremos você e eu. Ou teremos também a companhia de uma criança linda. De um jeito ou de outro, vai ser o começo do nosso para sempre... Três.

Some people want it all, but I don't want nothing at all if it ain't you, baby.