3.12.12

Sobre sapos, príncipes e gatos.



Entrando no quarto que compartilhava com o marido, ela se assustou com a quantidade de objetos sobre cama.
- O que é isso? - perguntou rindo.
- Presentes de Natal.
De pé ao lado da cama, ele embrulhava os presentes com cuidado e, inclusive, adicionava pequenos bilhetes a cada pacote.
- O que deu em você esse ano?
Ainda rindo, ela se aproximou, pegou uma caixa revestida de azul e deu um sorriso ainda maior ao ver o bom trabalho que ele tinha feito. Deveria estar naquela tarefa havia horas, pois a pilha de presentes embrulhados era grande.
- Nada demais, só resolvi fazer algo diferente.
- Bem diferente! Você me pede para comprar até o presente da sua mãe.
- Não esse ano - ele sorriu, apontando para um embrulho vermelho e dourado. - Aquela é a panela elétrica que, por meses, ela vem dizendo sutilmente que quer ganhar.
- E para a sua irmã?
- É esse azul na sua mão. Todos os livros daquela série sobre os Sullivans pela qual ela anda obcecada. Para o meu pai, uma caixa de charutos - ele sacudiu o objeto que estava começando a embalar.
- Sua mãe vai te matar...
- Também comprei esse original par de meias. Oficialmente, esse é o presente dele.
Colocando o pacote azul na beira da cama, ela se aproximou e deu um beijo no maxilar dele, onde a barba do dia já deixava uma sombra.
- Eles vão adorar - sorriu.
Observando-a, ele sorriu de volta. Gostava do riso que aparecia sempre tão facilmente no rosto dela, ocupando-lhe não apenas os lábios, mas também - e principalmente - os olhos.
- Não vai perguntar o que eu comprei para a minha princesa?
- Essa princesa já tem um príncipe que gosta de bancar o sapo às vezes, por pura diversão. Do que mais ela pode precisar?
- Vem comigo.
Puxando-a pela mão, ele a levou na direção da cozinha.
- Não acredito que você me comprou um avental.
- Não - ele gargalhou. - Mas essa é uma boa ideia, vou me lembrar dela ano que vem.
- Não há avental no mundo que me faça cozinhar bem.
- Eu sei, acredite - ele resmungou.
- Sapo falando.
- Pura diversão, lembra?
- Claro - ela sussurrou, revirando os olhos.
- Aqui estamos - ele parou na porta da dispensa e piscou para ela. - Pronta?
Ela assentiu, e ele abriu a porta devagar, preparando-se para escutar os gritinhos entusiasmados dela. Mas o que recebeu foram olhos arregalados e preenchidos por lágrimas.
- Eu...
- Fui em uma feira de adoção domingo passado, minha irmã cuidou dele até hoje. Pensei que você fosse gostar.
- E eu adorei. Eu amei!
As lágrimas que ela já não conseguia conter escorriam-lhe pelo rosto quando ela o abraçou apertado.
- Então não precisa chorar, princesa.
- Eu sempre quis ter um gatinho. Desde pequena, mas meus pais nunca me permitiram.
- Pois esse é todo seu.
Mordendo o lábio inferior, ela se abaixou e acariciou a cabeça do animal.
- Oi, pequeno. Como a gente vai te chamar, hein?
Sorrindo pelo jeito como ela o incluiu na sentença, ele se ajoelhou ao lado dela e passou um braço pela cintura feminina.
- Essa tarefa também é sua.
- Que tal Klaus? Por causa do Natal.
- Eu gosto - o gato miou e olhou para ele. - Acho que o Klaus também curtiu.
- Então Klaus será.
Sentando-se com as pernas cruzadas, ela pegou Klaus no colo e olhou sorrindo para o marido.
- Espero que ele conviva bem com sapos - piscou.


2 comentários:

  1. Amei o texto!! Super criativo e fofo *-* Bjs http://descobrindomundos.blogspot.com.br já seguindo também

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