Diante do espelho, ela examinava o próprio rosto com olhos críticos. Tocou as sobrancelhas perfeitamente aparadas, os olhos perfeitamente delineados, o nariz perfeitamente estruturado, os lábios perfeitamente proporcionais... Suspirou, descobrindo-se cansada em sentidos muito mais profundos do que gostaria de admitir.
Quando ouviu a voz de sua mãe lhe chegar aos ouvidos, decidiu que já se atormentara o suficiente e, com agilidade adolescente, pegou sua mochila e saiu de casa.
Nada havia mudado. A escola ainda mantinha suas paredes pintadas de um verde-hospital horroroso e a diretora ainda esperava os alunos no portão, como fazia no primeiro dia letivo de cada ano.
Ignorando os olhares de todos os rapazes, populares ou não, cumprimentou a diretora, grande amiga de sua mãe, e seguiu em frente.
Foi a primeira de toda a classe a entrar em sua sala de aula e, como prêmio, recebeu um sorriso brilhante da professora de História. Entediada, escolheu um lugar na última fileira e respirou fundo. Observando a professora enquanto esta escrevia algumas palavras no quadro, soube exatamente o que a mulher pensara ao vê-la: perfeita. A perfeita filha, a perfeita irmã mais velha, a perfeita aluna...
- Ei! Terra chamando!
Piscou diversas vezes para focalizar o rapaz que lhe chamava insistentemente e sorriu quando enfim o reconheceu.
- Oi. Desculpa, eu estava...
- Em outro mundo? Percebi - ele se sentou de maneira displicente ao lado dela, largando a mochila em outra cadeira situada a sua frente.
- Não, só estava pensando - ela sorriu e distraidamente colocou uma mecha rebelde de seu cabelo atrás da orelha. Ele captou o gesto com olhos gentis enquanto sentia o coração acelerar tanto que se sentiu zonzo por segundos.
- Pensando em quê? Na aula de História chata que vamos enfrentar daqui a pouco? - sussurrou.
- Quase.
- Quase chata? - ele perguntou sorrindo.
- Deixa desses jogos de palavras. Que coisa estúpida! - ela riu.
- Te fazem rir. Não podem ser tão estúpidos assim - ele comentou, encarando-a nos olhos. - Não é? - perguntou quando ela não disse nada.
- Não sei.
- Não sabe?
- Aí você de novo... - ela murmurou.
- Sempre. Eu. De novo.
- O que você quer dizer?
O sinal tocou e a professora alisou a blusa, preparando-se para mais um dia de mais um ano que estava para começar. Alguns outros alunos entraram correndo na sala de aula, parecendo crianças da 5ª série e não adolescentes prestes a se formar. Mas ele e ela mal notaram tudo isso. Ainda estavam se olhando.
- Você sabe - ele respondeu enfim.
E ela sabia. Bem lá no fundo. Não ouvia aquele clique de quando as coisas se encaixavam em quase nenhum aspecto de sua vida. Mas com ele... Com ele sim.
Bruna que história linda, as tuas palavras se encaixaram perfeitamente umas com as outras.
ResponderExcluirNossa, to vendo meu blog ali no "blogroll" que feliz que eu fico com isso flor. Fazia tempo que eu não vinha aqui, adorei tudo. *-*
Obrigada, Ju!
ExcluirE claro que seu blog está ali, adoro passar por lá! :)
Beijos
haa que fofo..
ResponderExcluirdiferente da Ju, nunca tinha vindo aqui..
Primeira vez o/
hihi
kisu
Volte sempre! :)
Excluireu adoro os seus detalhes, são tão... únicos.
ResponderExcluirE eu adoro quando você dá sinal de vida por aqui... :D
Excluirfiquei imaginando como é ser perfeita, porque deve realmente ser chato ter mil e uma expectativas em cima dos seus ombros. O amor é a melhor escapatória, hahaha
ResponderExcluirmuito linda a historia *-*
beeijos
recantodalara.blogspot.com
Ah, que lindo! Você pegou TUDO o que eu quis dizer com o texto. É isso aí. Beijo!
Excluir