26.8.14

Ricardo.


- Meu irmão sofreu um acidente.
Costumam dizer que o ar some de repente, que o mundo começa a girar num passo desenfreado, que a visão fica embaçada... Ela não acreditava em nenhuma dessas coisas. Até senti-las.
- Um acidente? - murmurou.
Ricardo segurou os braços dela para estabilizá-la. Haviam se conhecido há, o quê, dois minutos? Mas, se ela era importante para seu irmão, também o era para ele.
- Ele está bem - "Na medida do possível", acrescentou em pensamento. - Foi por ele que descobri seu endereço.
- Claro. Por quem mais? Desculpa, não estou pensando direito. O que aconteceu?
- O carro. Ele bateu com o carro - "E capotou algumas vezes. Várias vezes".
- Como... como é a situação? - ela respirou fundo.
- Ele chegou ao hospital acordado. Passou algumas horas assim enquanto alguém chegava para autorizar a cirurgia e...
- Então ele está bem de verdade?
- O problema é o ombro...
- Ele comentou sobre uma cirurgia na adolescência.
- A batida foi muito forte e afetou justo o ombro que não era muito bom.
- Como você descobriu sobre mim? - Ricardo segurou as mãos dela e notou que estavam tremendo.
- Quando cheguei ao hospital. Pude entrar no quarto rapidinho, e ele disse algo como: "Meu telefone... Olha meu telefone". A tela estava quebrada, então não foi de muita ajuda. Mas ele funcionou por um milagre quando apertei a rediscagem e caiu no seu número.
- Se não fosse isso... Ninguém teria como me avisar... Ele...
- Mas eu estou aqui - Ricardo disse suavemente. - De qualquer forma, o churrasco seria no domingo, não é? A apresentação só se adiantou um pouco. Ele sempre foi impaciente como ninguém.
Ela sorriu, mas logo parou de fazê-lo.
- Preciso vê-lo.
- Ele está na cirurgia. Não precisa se apressar.
Ela sorriu novamente.
- Logo você vai notar que eu sou tão impaciente quanto ele.


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