18.5.13

De bons tempos e eternidades.


- Foi o sorriso, com certeza. Ele se apaixonou pelo seu sorriso.
Alice fez uma careta, mas depois abriu o sorriso do qual a outra falava.
- E minha sensibilidade, meu caráter, minha pessoa incrivelmente maravilhosa? Nada disso conta?
- Pode até contar - Bárbara argumentou. - Mas foi o sorriso que conquistou seu namorado, vai por mim.
- Falando em sorriso, lembra de como a gente costumava escrever histórias inteiras baseadas nele? O cara tinha uma falha nos dentes da frente e a moça os tinha um pouco tortos.
- Não, não lembro! Você conhece minha memória. Hoje fazem, o quê, oito anos do começo disso tudo?
- Não importa o tempo, sei que você se lembra. É impossível se esquecer!
- Ok, admito, eu me lembro. Eu adorava escrever sobre a falha nos dentes dele.
- E eu não sei, Bá? Eles eram os melhores personagens do mundo!
- Ainda são - Bárbara sorriu, um brilho nos olhos.
- E eles foram os responsáveis pela nossa amizade.
- Sempre vamos dever isso a eles.
- Acha que um dia vamos conseguir agradecer como se deve? - Alice indagou, a expressão triste e curiosa ao mesmo tempo.
- Como podemos agradecer personagens, Alice? - riu Bárbara.
- Sei lá, com uma última história.
- Última? Já perdi a conta de quantas vezes a gente jurou ser a última.
- Estou falando sério! Talvez algo baseado na Cidade do México.
- Não, em Barcelona! - protestou Bárbara.
- Ou na Eslovênia...
- Quem sabe no Rio de Janeiro?
- É, provavelmente Rio de Janeiro - concordou Alice.
- Já até visualizo os dois se abraçando em um elevador...
- E os cabelos dela estarão vermelhos dessa vez...
- E os dele estarão curtos, sem aqueles cachos que você e ela preferem - Bárbara escondeu um sorriso.
- Por quê? Adoro escrever sobre os dedos dela brincando com aqueles cachos!
- Eu gosto dos cabelos dele curtos - ela deu de ombros.
- Nunca concordamos em nada! Nem sei como conseguimos escrever coisas juntas.
- Nem eu - Bárbara riu. - Bons tempos, não?
- Muito bons. Mas sabe o melhor? Eles ainda não acabaram.
- Ahã! Quero estar velhinha e ainda afirmando que estou vivendo bons tempos.
- Oi? - Alice encarou a amiga com a testa franzida. - Velhinha você já está!
- Mas você não muda mesmo, hein? Deixe minha idade em paz! Além disso, vinte e sete está longe de ser idade avançada!
Alice deu um abraço em Bárbara, rindo.
- Tudo bem. Se seu futuro marido não se importa, quem sou eu para falar alguma coisa? Aliás, consegui te distrair o suficiente, palmas para mim! - Alice bateu palmas e deu uns pulinhos animados. Bárbara arregalou os olhos.
- Quanto tempo falta?
- Já se passaram quinze minutos da hora marcada.
- Tudo isso? Ele já deve estar pensando que foi abandonado no altar ou coisa parecida. Vamos!
Bárbara puxou Alice pela mão, mas a amiga a fez parar antes de abrir a porta da sala.
- Lembra de quantas cenas como essa nós já escrevemos?
- Sim, cenas de casamento são minhas favoritas.
- Pois se lembre de cada uma, da felicidade que elas emanavam...
- Aquela em que o noivo era abandonado não tinha muita felicidade...
- Bárbara, cala a boca e me deixa terminar! Estou tentando ser emotiva aqui!
- Ok, vá em frente - Bárbara sorriu.
- Lembre-se de cada uma das coisas boas que a gente já desejou para os nossos personagens favoritos. Depois, me faça um favor? Traga à vida cada uma dessas coisas. Pode ser?
- Pode, mas só se você prometer fazer o mesmo.
- Sempre.
- Então ok.
- Ok.


5 comentários:

  1. <3

    Ok, daqui dois anos você vai estar casando. Promessa é dívida, hein ;)

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    1. isso por que me lembrei de uma conversa da gente em que eu disse que iria arranjar um namorado e casar antes de você :p minha memória é boa às vezes, tá? hahaha

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  2. Adorei o diálogo.
    Isso me lembra tantas coisas, sabe? *Momento nostalgia interno*
    Beijão!

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  3. Ah,, que bonito, cara! Confesso que me emocionei, me identifiquei com o diálogo!
    Parabéns!
    Beijos.

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