(Entenda a presença da Ágatha no Confesiones.)
Ela estava atrasada. Ou talvez essa não fosse a palavra certa, ela fez uma careta ao pensar. Não importava, apenas que não havia comprado presente algum para o Natal, e ele estava ali, a poucos dias de acontecer. Ela precisava ser rápida e ágil, antes que a lotação das lojas fosse insuportável. Samantha respirou fundo e entrou na primeira.
Para a mãe ela iria comprar aquele forno elétrico de última geração e que consumia menos energia. Como uma exímia cozinheira, ela não se contentava com os três fornos que já possuía. Para o pai, seria uma poltrona nova. A que ele tinha já estava um tanto quanto gasta. Ela pensou na irmã, mas Katherine era sempre tão difícil! Ela entrou em qualquer loja e comprou algo que pudesse ser trocado, a irmã sempre o fazia mesmo. Pensou no cunhado, no sobrinho e na melhor amiga. Já estava de bom tamanho, porque tudo que comprara era caro demais. Os presentes maiores as lojas entregariam em sua casa, os outros ela mesmo levava.
Para a mãe ela iria comprar aquele forno elétrico de última geração e que consumia menos energia. Como uma exímia cozinheira, ela não se contentava com os três fornos que já possuía. Para o pai, seria uma poltrona nova. A que ele tinha já estava um tanto quanto gasta. Ela pensou na irmã, mas Katherine era sempre tão difícil! Ela entrou em qualquer loja e comprou algo que pudesse ser trocado, a irmã sempre o fazia mesmo. Pensou no cunhado, no sobrinho e na melhor amiga. Já estava de bom tamanho, porque tudo que comprara era caro demais. Os presentes maiores as lojas entregariam em sua casa, os outros ela mesmo levava.
Ela estava pronta para entrar na Apple a fim de comprar seu próprio presente quando sentiu o primeiro floco caindo em seu nariz. Ela estava tão desesperada pelas compras que não percebera a neve, apenas quando aquele pequeno pedacinho de gelo, branco, e quase fofo, lhe tocou o nariz que ela viu. As ruas já estavam salpicadas, os casacos das pessoas também. Ela sorriu, encantada. Sempre adorara a neve, lhe trazia as melhores lembranças. E as piores também. Ela olhou em volta e entrou na loja rapidamente. Assim que comprasse o último presente poderia aproveitar aquele momento mágico.
O telefone havia sido lançado há pouco tempo, mas como uma viciada em tecnologia, ela tinha que trocar o seu iPhone pelo mais novo modelo. Era engraçado como era dependente daquele aparelho que lhe pesava tanto na bolsa. Ela escolheu um preto, comprou uma capa nova bem feminina e saiu à rua novamente.
Samantha não se importava muito de os flocos derreterem sobre si, aquele momento era encantador. Ela lamentou pela neve ter demorado tanto a chegar nesse ano, talvez fosse culpa do fim do mundo que estava cada vez mais perto. Ela riu, com o pensamento, a ignorância dos humanos em acreditar nisso era absurda, e se sentou em um banco na praça que havia ali. Ela estava desfrutando a neve com toda a sua alegria quando o viu.
Samantha não se importava muito de os flocos derreterem sobre si, aquele momento era encantador. Ela lamentou pela neve ter demorado tanto a chegar nesse ano, talvez fosse culpa do fim do mundo que estava cada vez mais perto. Ela riu, com o pensamento, a ignorância dos humanos em acreditar nisso era absurda, e se sentou em um banco na praça que havia ali. Ela estava desfrutando a neve com toda a sua alegria quando o viu.
Já fazia tanto tempo que ela nem se lembrava mais. Ou talvez não quisesse lembrar. Ele continuava o mesmo, com aquele andar duro, a mesma distância entre as pernas, o mesmo estilo de roupas, o mesmo tênis surrado que ela lhe dera e ele não cansava de usar. Dois anos, era o tempo que estavam separados, que não se viam mais. Ela respirou fundo, tentando ignorá-lo, querendo ignorá-lo. Mas não adiantou muita coisa.
Jhonny a viu, não tinha como passar despercebido. Evitara tanto passar pelos locais que ela frequentava, mas se esqueceu daquele centro comercial. Ela estava linda, como sempre. Ele estreitou os olhos ao perceber que agora ela tinha quase uma franja, entre os olhos e o nariz, jogada de lado. Os cabelos continuavam ondulados e pretos, os olhos azulados completamente expressivos. Ele podia perceber isso, mesmo a certa distância. Então Jhonny se aproximou.
- Oi.
- Oi - ela respondeu cordialmente.
- Quanto tempo.
- Uhum - ela olhou para os sapatos de salto, tentando não encará-lo.
- Como você está?
- Bem - ela sorriu, ainda olhando para os sapatos. - Comprando os presentes de Natal - indicou as sacolas que tinha nas mãos.
- É, você sempre deixa para a última hora - ele sentou ao lado dela.
- Uhum.
Ela não queria dizer que ele a conhecia tão bem para saber disso. Que os seis anos que passaram juntos, sem contar os quatro antes do namoro, o fizeram conhecer todas as manias e segredos que ela tinha. A irritação que ela tinha ao acordar, como gostava da omelete pela manhã, que o suco não deveria ter nenhum gominho da laranja, que a disposição dos cremes sobre a pia não podia ser mudada, que ela pendurava as calcinhas no box do banheiro, que ela tinha que fazer um anjo e um boneco de neve em todo Natal, que ela não tinha sensibilidade na ponta dos dedos da mão direita, que passava esmalte com gosto para não roer as unhas, que sentia nervoso com cócegas nos pés, que gostava de tirar foto de tudo, que a poltrona do pai dela rasgara porque ela puxara um fio solto e não fora o gato o culpado. Ele sabia de tudo, simplesmente.
- E então?
- O que você quer, Jhon? - ela foi direta. E ele percebeu o uso do apelido.
- Nada - ele deu de ombros, inocente.
- Okay, me desculpe - ela o encarou. - Mas não nos vemos a tanto tempo, que isso parece estranho.
- Um pouco. Mas não precisa ser, precisa? - ela que deu de ombros dessa vez. - Eu soube do Mike. Sinto muito.
- Tudo bem, ele já estava velho - ele falava do gato da família, o mesmo que fora culpado por destruir a poltrona.
- Não foi tudo bem.
- Não, não foi. Mas eu tinha que superar, as lamentações não o trariam de volta.
- Você já viu Pet Sematary? - ele riu.
- Eu não queria um gato diabólico.
- Okay, me desculpe.
- Tudo bem.
- Você está falando isso muito, como se quisesse dizer pra si mesma.
- Por incrível que pareça, não. Ou talvez sim porque te vi.
- Explique, por favor.
- Eu estou bem realmente, está tudo muito bem. É Natal, a neve chegou, a cidade está linda, aquelas canções tocam em todos os lugares... Eu não poderia querer mais. Mas então você apareceu - ela brincava com a neve nos pés.
- O que você quer dizer com isso?
- Não sei exatamente - ela fez uma careta. - O que acontece agora? Cada um segue seu caminho e as coisas serão como antes?
- Depende de nós, eu acho. O que você quer?
- Sinceramente, eu não sei - ela fez uma pausa. - Eu posso pensar no que fazer? Não quero responder agora, na emoção do momento.
- Mas quando?
- Assim que o próximo ano entrar. Eu só quero que passem essas festas.
- Tudo bem - ele percebeu que ela escondia algo. - Você me liga? O telefone é o mesmo.
- Uhum - ela piscou. - Eu te ligo em janeiro.
- Eu vou esperar - ele se levantou. - Feliz Natal, mande lembranças a todos.
- Mando sim - ela ficou sem graça, sem saber se levantava também e recebia o abraço que ele queria dar. - Até - e ele percebeu naquela palavra que era sua hora de ir.
Samantha ficou observando enquanto ele se afastava, entrando na loja que há pouco ela saíra. Ela respirou fundo e engoliu o choro que queria sair. Ela ainda não conseguia definir o que sentia por ele, se havia superado tudo, se era uma página virada na sua vida ou não. Ao vê-lo, ela só conseguia pensar no fim, naquele mês de dezembro, e como descobrira que ficara grávida e perdera no dia seguinte do Natal. Eles faziam planos para filhos naquele ano, mesmo que não tivessem casado como a mãe dela esperava, na igreja e com uma grande festa. Ela fechou os olhos e pensou em tudo que passou sozinha, enquanto a neve caía sobre seu rosto. Então se levantou e resolver deixar o passado para trás, o Natal tinha tudo para ser perfeito e ela ainda tinha um anjo e um boneco de neve para fazer.
Af, Sam e Jhonny <33
ResponderExcluirCê sabe que amo esses dois, principalmente a Sam. E eu tava lendo o texto de madrugada e quase chorei. Ela é linda :3 E tinha um gato! Como não amar? Pena que o Mike morreu ):
E ele, AH! Que bom que ele foi até ela... Por um segundo pensei que não iria.
Ah, PQ, obrigada por ter aceito o convite, você sempre embarca nas minhas loucuras sem questionar. Te amo!
Eu nao sabia quem usar. Um dia eu li alguém comentando sobre o porque de você usar nomes estrangeiros e eu ate pensei em colocar algum brasileiro, mas quando li o da Maah, achei estranho. Engraçado, nao? Ai lucian me veio em mente, mas eu nao queria traze-los para o seu blog, aqui eles ten que partir de você, nao de mim. Então fiquei me perguntando os nomes, quais usar. Ai lembrei de Sam e Jhon, e o quanto você gostava deles. Por que nao fazer essa surpresa pra você? A história tem muita coisa que nao consegui colocar ai, que enquanto eu leio, penso nelas. Mas gostei, achei que ficou bom realmente. Com exceção talvez do aborto que passo muito por cima. Mas okay, você gostou e é o que importa. Muito obrigada você pelo convite, foi uma honra fazer parte desse mundo seu e fazer as minhas confissões. (: te amo também
ExcluirE uma referência à Stephen King, metida <3
ResponderExcluirO rei :D
ExcluirMuito lindo o texto .
ResponderExcluirmeus-pensamentos.com
aaaa que texto perfeiito adooorei liinda
ResponderExcluirrennatamarquetto.blogspot.com
Oiê, que bom que vc gostou do post cultura visual,bom saber que vc tbm se interessa por algo um pouco mais intelectual rsrs. Estou te seguindo tbm linda.
ResponderExcluircapuccinonacaneca.blogspot.com.br
Adorei, Paqui!! meio triste, mas muito lindo! lindo! (:
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